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Salomé Pinto
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Precários do Estado podem solicitar vínculo permanente a partir de abril

Arrancam as comissões ministeriais para integrar precários do Estado. Os mais de 100 mil precários do Estado podem conseguir um contrato...

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Política

sexta-feira, 31 de março de 2017

Precários do Estado podem solicitar vínculo permanente a partir de abril

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Arrancam as comissões ministeriais para integrar precários do Estado.

Os mais de 100 mil precários do Estado podem conseguir um contrato permanente já a partir de abril. O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, revelou, dia 29 de março, que estes funcionários públicos podem solicitar a integração nos quadros às comissões de avaliação que estão prestes a entrar em funcionamento. Este instrumento foi criado em fevereiro após o levantamento do número de trabalhadores precários na Administração Pública. Para o ministro Vieira da Silva, “é muito importante que o Estado dê o exemplo com um comportamento adequado no que toca à utilização da contratação a termo certo”.
As 14 comissões criadas, uma por cada ministério, são constituídas por um elemento da tutela do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, das Finanças, um membro do Governo responsável pela área sectorial em causa e por um representante dos sindicatos. Compete aos trabalhadores com vínculo a termo ou a recibo verde solicitar a integração nos quadros através de um contrato permanente.

Maior parte dos contratos iniciados em 2014 e 2015 no privado são precários

Vieira da Silva admite ainda existir um elevado número de precários no setor privado. De acordo com o “Livro Verde sobre as Relações Laborais 2016” encomendado pela tutela, “mais de 80% dos contratos iniciados em 2014 e 2015 não são permanentes”. E o ministro esclarece: “Falamos de recibos verdes, dos contratos a termos, de falsas relações de trabalho”. Vieira da Silva explica que há países onde os contrários precários compensam por proporcionar salários mais altos, mas que em geral “isso não acontece em Portugal”. O ministro conclui que no nosso país “acumulam-se dois problemas: níveis de remuneração mais baixos e portanto maior fragilidade social e níveis de instabilidade laboral também maiores”.
Para combater a precariedade, o Executivo socialista já avançou com o reforço da fiscalização através da Autoridade para as Condições do Trabalho. Viera da Silva considera ainda outras medidas como incentivos fiscais ou alterações legislativas mas primeiro terão de ser discutidas com sindicatos e patrões.

CGTP pede “menos conversa e mais ações”

A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) reconhece o trabalho já realizado pelo Governo de António Costa mas pede mais celeridade. O secretário-geral da central sindical, Arménio Carlos, quer “menos conversa e mais ações”.








Reportagem transmitida no Porto Canal.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Jovens tiram dúvidas sobre sexualidade pelo Whatsapp

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Se perder a virgindade dói, se fazer sexo com menstruação é prejudicial ou se a masturbação vicia são algumas das questões mais frequentes.

Adolescentes e jovens podem tirar dúvidas sobre sexualidade por mensagens de telemóvel. Através do Whatsapp, a sexóloga Vânia Beliz responde a várias questões e afasta mitos como por exemplo: “se perder a virgindade dói, se faz mal fazer sexo com menstruação, se a masturbação pode acabar com a função eréctil ou pode viciar”. A mentora do projeto diz mesmo que “estas questões costumam estar muito presentes”.
Há os que ainda não usam a linha de aconselhamento mas admitem ser uma boa ajuda. Para Guilherme Pires, 12 anos, esta “é uma boa forma de tirar dúvidas”. Maria Silva, 15 anos, admite: “Se calhar se aderisse a esse grupo, se calhar trazia mais vantagens, se calhar era bom”. Já Rodrigo Pina, 18 anos, refere que neste momento não precisa de ajuda mas que “seria uma hipótese recorrer a esta linha”.

400 jovens aderiram ao serviço em seis meses

O projeto nasceu há seis meses e já respondeu a questões de 400 jovens. A maioria tem entre 17 e 22 anos e é do sexo masculino. Vânia Beliz explica que esta linha “é direcionada acima de tudo para os jovens mas pode ser utilizado por qualquer pessoa que tenha dúvidas na área da sexualidade”.

Linha de aconselhamento: 934 059 910

Basta registar o número 934 059 910 no Whatsapp e enviar as questões por mensagens de texto, “com garantia de total confidencialidade”. O serviço está disponível de 2f a 6f, das 18h às 20h. A sexóloga Vânia Beliz tira as dúvidas que lhe sejam levantadas mas não só: “Se percebermos que algo tem de ser discutido com um médico ou enfermeiro do planeamento familiar, aconselhamos automaticamente a procurar esse apoio”. 
As raparigas fazem sobretudo questões sobre contraceção e os rapazes preocupam-se mais com a performance sexual.

Reportagem transmitida no Porto Canal.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Reforma florestal vai limitar área de eucalipto

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Confederação de Agricultores contesta mas para o especialista em florestas António Gonçalves a medida é crucial.

Limitar a área do eucalipto, avançar com o cadastro das terras e reforçar as equipas de sapadores florestais são algumas das medidas da reforma florestal aprovada no Conselho de Ministros extraordinário de 21 de março. Até 2020, o Governo de António Costa tem 550 milhões€ para gastar no setor, de acordo com o Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020. Parte destas verbas traduzem-se em “apoios públicos a proprietários florestais que poderão beneficiar de subsídios até 90% dos custos das operações nos terrenos”, revela o Ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos. Mas não só. O Executivo garante ainda que vai formar 20 novas equipas de sapadores florestais e reequipar outras 44. 
A reforma florestal prevê ainda a criação de um cadastro simplificado das terras “que permitirá no horizonte de dois anos e meio identificar a propriedade no país que ainda não possui cadastro”. O ministro da agricultura explica que este sistema vai “identificar o património sem dono conhecido que será alocado a um banco de terras e, que por sua vez, o disponibilizará para exploração através de arrendamento a cooperativas de produtores florestais e a outras entidades”. 
O pacote legislativo aprovado pelo Governo socialista prevê ainda a transferência de competências de fiscalização e autorização de plantações para os municípios, caso assim o desejem. Inscrita na reforma florestal está também a limitação do eucaliptal que, neste momento, representa a maior fatia da floresta portuguesa: 26% de 3,15 milhões de hectares, ou seja, mais de 780 mil hectares de eucalipto, segundo o Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020.

Aumento do eucaliptal pode "transformar o país num palheiro a arder"

Alterações vistas com bons olhos pelo especialista em florestas António Bento Gonçalves: “Há várias décadas que se reclamava uma reforma profunda como esta”. O investigador do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade do Minho, espera que a partir de agora “seja possível minorar os problemas da floresta”. E explicita: “A limitação da área do eucalipto era crucial, porque a anterior legislação (do Governo de Passos Coelho) que liberalizou bastante o plantio do eucalipto levou a uma baixa de preços ao pequeno produtor”. António Gonçalves tem consciência que “ as grandes indústrias, como a da pasta de papel, beneficiaram com essa política e que, de algum modo, é importante para a economia nacional, até porque é uma espécie de rentabilidade rápida ao contrário dos carvalhos, castanheiros e pinheiros”. Mas ressalva que “a médio e longo prazo iria desertificar boa parte do terreno e transformar o país num palheiro a arder, já que o eucalipto é um ótimo combustível para os incêndios”. O professor doutorado em Geografia Física e Estudos Ambientais admite mesmo que se o país continuasse a aumentar a área desta espécie, “poderia chegar a ter a maior mancha de eucalipto de toda a Europa”.

Medidas "ideológicas" e "eleitoralistas"

Mas João Machado, presidente da Confederação de Agricultores de Portugal, contesta esta limitação da área do eucalipto, porque “é uma produção que tem mercado em Portugal, que equilibra a balança e ajuda a exportar”. E acrescenta: “Estamos preocupados que seja proibida por questões ideológicas. Globalmente, a reforma é negativa para o país”. O representante da confederação dos agricultores rejeita ainda a transferência de competências para as autarquias e considera que esta é uma “decisão eleitoralista porque aproximam-se as eleições autárquicas”. 
Já António Gonçalves considera que “é mais sensato planear a nível regional e local e que a floresta vai ganhar com isso”.

Floresta em números

A floresta ocupa 3,15 milhões de hectares. As espécies mais representativas são o eucalipto (26%), sobreiro (23%) e pinheiro-bravo (23%), segundo o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Regional. A azinheira tem uma área de 11% e o pinheiro-manso de 6%.
A floresta portuguesa é maioritariamente detida por proprietários privados (cerca de 92%, sendo 6% gerida por empresas industriais). O Estado detém cerca de 2% da floresta e as autarquias e comunidades locais os 6% remanescentes.

Reportagem transmitada no Porto Canal.

Estudantes protestam pelo fim das propinas

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“A educação é um direito, sem ele nada feito”, entoavam mais de meia centena de alunos da Universidade de Lisboa. Na véspera do Dia do Estudante (23/03/2017), percorreram as ruas da capital entre o Saldanha e a Avenida Duque De Ávila, concentrando-se em frente à Direção-geral do Ensino Superior. Um protesto pelo fim das propinas, por mais bolsas, pela redução do preço das refeições das cantinas e por mais condições materiais.

Cursos pesam 5000€ no orçamento familiar

Beatriz Goulart Pinheiro, 22 anos, estudante do Instituto Superior Técnico e uma das manifestantes, conta que “para além de melhores condições materiais, o protesto visa sobretudo acabar com as propinas”. E acrescenta: “Quando a propina foi iniciada estava entre os 6 e 8€ (em 1941) e, neste momento, pagamos cerca de 1000€, ou seja, um curso chega a custar 5000€, o que é um exagero. Muitas famílias não têm capacidade para cobrir estas despesas”. Foi por isso que Beatriz teve de encontrar um trabalho temporário em horário pós-laboral para ajudar os pais a pagar os custos da licenciatura em Engenharia do Ambiente: “Conseguir conciliar as duas coisas é complicado, tira horas ao sono, tira horas ao lazer e basicamente a vida é escola-trabalho, trabalho-escola”.
“Mas muitos são forçados a abandonar os estudos porque não têm como pagar a faculdade”, revela João Nuno, 24 anos, estudante da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Para além do peso das propinas no orçamento familiar, “as refeições das cantinas estão cada vez mais caras”.
Os estudantes reivindicam ainda o regresso do passe social, mais bolsas e sem atrasos na sua atribuição e mais investimento no ensino superior. Jorge Pinto, 29 anos, do Instituto Superior de Agronomia não percebe como “há tanto dinheiro para resgatar bancos e tão pouco para o ensino superior público”. Para este estudante, é injusto “haver dois pesos e duas medidas”.
No início do ano, Bloco de Esquerda e PCP apresentaram dois projetos de resolução no Parlamento com vista à eliminação progressiva das propinas, mas acabaram por ser chumbados pelo PS, PSD e CDS.

Propinas agravaram-se em mais de 4000% com Cavaco Silva

Em 1991, o então Governo de Cavaco Silva decidiu fixar as propinas em 250€, um aumento de 244€ face aos 6€ que estavam em vigor desde 1941, o que representou um agravamento de mais de 4000% no orçamento das famílias. Esta alteração foi plasmada na polémica Lei da Propina que motivou uma série de manifestações estudantis com cargas policiais. De acordo com esta legislação, o valor inicial seria de 250€. Em 2003, subiu para 852€. Desde então, o valor máximo da propina já subiu 25%. Atualmente está acima dos 1000€.




Reportagem transmitida no Porto Canal.

terça-feira, 21 de março de 2017

Voa mais de cinco mil quilómetros sem parar

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Maçarico-galego faz voos contínuos entre o Ártico e África revela estudo pioneiro de José Alves, investigador da Universidade de Aveiro.


É o recordista dos voos contínuos. O maçarico-galego é uma ave limícola que nas suas viagens migratórias consegue voar mais de 5 mil quilómetros sem parar, uma descoberta do biólogo José Alves da Universidade de Aveiro: “O maçarico-galego, que vai até à Islândia para se reproduzir, faz voos continuados entre a Islândia e África, mais concretamente Guiné-Bissau, onde passa o inverno”. De acordo com o investigador, "esta ave faz cerca de 6 mil quilómetros sem parar”. 
José Alves desconhecia que esta pequena ave de plumagem castanha e longo bico recurvado fosse capaz de voar durante cinco dias seguidos sem se alimentar e hidratar: “É algo que nos surpreende e que realmente ainda não entendemos em pormenor”.

Algumas aves passam o inverno em Portugal

Os resultados deste estudo foram obtidos a partir de geolocalizadores acoplados nas patas dos maçaricos-galegos. A investigação, publicada na revista Nature, revela ainda como este verdadeiro campeão olímpico chega a atingir 86km/h de velocidade. Passa o verão na Islândia e o inverno na Guiné-Bissau. Mas, segundo José Alves alguns ficam em Portugal: “Param no estuário do Tejo mas também no estuário do Sado e outros não chegam a ir até África”. Depois de se reproduzirem no Ártico ou no norte da Europa, preferem passar os invernos na Península Ibérica.
Durante a maré baixa, estas aves limícolas “alimentam-se nos limos, em zonas intertidais (entre marés). Durante a maré alta, aproximam-se das zonas de vegetação de sapal, de zonas costeiras e também de salinas que usam como refúgio quando o nível das águas começa a subir”, explica o investigador da Universidade de Aveiro. E acrescenta: “Alimentam-se sobretudo de invertebrados bentónicos (compostos por microalgas, plantas aquáticas, esponjas, moluscos ou crustáceos), de bivalves e de pequenas minhocas”.

O maçarico-galego é apenas uma das espécies de aves limícolas. No estuário do Tejo, podemos encontrar outras como os alfaiates e, no mundo animado, o pilrito das praias mais conhecido por Piper.

Reportagem sobre o maçarico-galego transmitida no Porto Canal.

segunda-feira, 20 de março de 2017

A receita para matar o amor em poesia

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Corpos, feitiços, punhais e lágrimas são as armas de Rita Pinho Matos. “Amor com Amor se Mata” é lançado no dia Mundial da Poesia em S. João da Madeira.

26 poemas ilustrados compõem a receita de Rita Pinho Matos para matar o amor. Depois de “Ruivo Tomate”, lançado em 2010, a escritora sanjoanense regressa à poesia com “Amor com Amor se Mata” pela chancela Estratégias Criativas. Dividido em quatro capítulos, o livro apresenta um menu de corpos, feitiços, punhais e lágrimas, armas que Rita usa para matar: “o amor-carrossel, o amor-hospital e o amor-garrote”.
A autora, agora a viver em Lisboa, revela que “os poemas são todos inspirados em não-relações, quase-relações e numa relação”. Para os matar, socorreu-se de vários elementos: “Podes esquecê-los com outros corpos, com lágrimas, usar uma frente de fogo como o contra-fogo usado pelos bombeiros no combate aos incêndios, aplicar a violência dos punhais ou usar a sedução e o erotismo”, explica Rita Pinho Matos. Mas ainda assim “esses três amores vão-se reacendendo”, admite a autora. Por isso, Rita deixa ao leitor a decisão final: “Será que esta foi a tática mais eficaz? Será que apagar tudo com lágrimas e simplesmente partir para outra relação não teria sido melhor? Será que afinal uma ou duas destas frentes não se irão reacender à vez? Até porque no fim do livro, na estrofe final, na ‘Orgia Fúnebre’… eu digo ‘que a memória de mim vos tenha em eterno desassossego’. No fundo, eu quero que eles continuem a pensar em mim”.

Os primeiros poemas datam de 2013. Guardanapos de papel, talões de multibanco, qualquer superfície apta para a tinta de uma caneta ou a grafite de um lápis serviam para registar as criações literárias de Rita. Um ano depois, quando se mudou de S. João Madeira para Lisboa, agarrou os rascunhos e decidiu transformá-los num livro. Numa conversa de café com a amiga e ilustradora de vários dos poemas, incluindo a capa do livro, Cinara Saiónára, surgiu a ideia de conceber a obra. Inspiradas pela mesma “paixão ácida, cortante e por vezes cómica de Rita”, a designer Cristina Nunes e a pintora veterana Anabela Mendes da Silva ilustraram os outros ingredientes para matar o amor.
Ao folhear o livro, encontramos um estilo cortante, ácido mas humorístico. Mas não só, Rita revela ainda: “Gosto de jogar com a surpresa, ou seja, fazer com que o leitor não espere aquele fim do poema. Gosto muito de brincar com a gramática e certos campos lexicais. E recorrer ao humor mesmo que seja para dizer coisas mais atrozes”.
Os poemas também são autobiográficos, por isso, Rita volta a assinar em nome próprio ao contrário do último livro que publicou, o primeiro em género prosa ficcional, “Ponto Zero” com a chancela Coolbooks da Porto Editora.

Lançamento no dia Mundial da Poesia em S. João da Madeira 

“Amor com Amor se Mata” estreia-se no dia Mundial da Poesia, 21 de Março, nos Paços da Cultura em S. João da Madeira, às 21h30. Mais do que um simples lançamento será uma festa com actuações musicais de artistas conterrâneos, adianta Rita Pinho Matos: “Licínio Oliveira (guitarrista dos Metta), Sally Ruby (vocalista e guitarrista das bandas Sally and the Rubies and Leather Coats) e Patrícia Pereira (concertinista) subirão ao palco para interpretar os temas que compuseram inspirados no livro. A declamação ficará a cargo de Teresa Quintela, professora do ensino secundário e principal impulsionadora do grupo de teatro sanjoanense Lua Nova”. 




segunda-feira, 6 de março de 2017

Robô ganha emoções para ajudar crianças com cancro

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Design emocional do “Gasparzinho” em desenvolvimento por uma equipa de investigadores do IADE (Instituto de Arte, Design e Empresa) em Lisboa.


O “Gasparzinho” é um robô mas vai poder expressar sentimentos como os humanos. No cinema de animação, o BB8 da Star Wars ou o Wall-e sorriem ou ficam tristes seja pela forma dos olhos, da boca, dos movimentos do corpo ou dos sons. É esse design emocional que está a ser desenhado pelo IADE (Instituto de Arte, Design e Empresa) em Lisboa.

Emília Duarte, que coordena esta unidade de investigação, conta que a equipa já criou “uma matriz para cada uma das emoções básicas e tentou identificar o que é que podiam ser os movimentos, como podia ser rosto e a cor dos olhos do robô. E acrescenta: “Haverá uma fase subsequente em que ele também poderá comunicar com sons ou eventualmente e se for essa a intenção até com fala sintetizada”.

Para chegar às expressões mais indicadas para cada uma das emoções básicas como a alegria ou a tristeza, os investigadores pediram a alguns alunos do IADE para identificar as emoções do robô através do preenchimento de um inquérito. E as conclusões foram surpreendentes. Segundo Magda Saraiva, bolseira de investigação em Psicologia que também integra esta equipa, uma das questões apresentadas interrogava o inquirido se “seria capaz ou teria pena se o robô tivesse de ser destruído ou desligado ou se morresse e as pessoas disseram que sim, que teriam pena porque gostam muito dele, que é muito bonito”. E conclui: “Isso leva-nos a crer que de facto estão a estabelecer algum grau de empatia com a máquina”.

Investigação premiada no Canadá

Também foram analisados os sinais vitais dos utilizadores enquanto visionavam em realidade virtual a emotividade do robô, explica o neurocientista Hugo Ferreira que também integra o projeto: “São colocados elétrodos no escalpe da pessoa e medimos de uma forma não invasiva esta atividade elétrica de milhões de neurónios em conjunto. Estes padrões de atividade vão estar relacionados com um determinado processo cognitivo ou emocional”. 
O projeto de investigação já foi premiado no Canadá. O objetivo final é que as crianças com cancro se sintam menos solitárias e mais felizes na companhia do robô. A investigação multidisciplinar deverá terminar no final do ano, altura em que os engenheiros do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, que criaram o robô, vão poder implementar novas expressões emocionais no “Gasparzinho”.

Reportagem sobre o novo design emocional do "Gasparzinho" transmitida no Porto Canal.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Carne e excrementos premiados pela Fundação EDP

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Artur Barrio, de 72 anos, ganha 50 mil euros e terá ainda a oportunidade de expor a obra em Lisboa.


É um artista português que trabalha com carne, sangue, urina e excrementos. Artur Barrio, natural do Porto e a morar no Brasil, recebeu, a 3 de fevereiro, o Grande Prémio da Fundação EDP Arte 2016. Para Barrio, "foi completamente inesperado". Surpreendido, admitiu que nunca imaginaria ganhar um prémio destes em Portugal, apesar de gostar muito do país. "Sinto-me confortável aqui, sou português e decidi manter a minha nacionalidade embora já não viva cá", sublinha. E confessa: "Saudades de cá já não sinto, mas gosto sempre de voltar sobretudo quando a minha obra é reconhecida".

O artista plástico de 72 anos, que ainda mantém um apartamento em Vila Nova de Gaia, já foi galardoado com o Premio Velázquez de Artes Plásticas de 2011. Sem uma mensagem para comunicar, Barrio cria no momento, sem ateliê nem projeto: "Com a minha obra, pretendo transportar um material que funciona dentro de uma certa condição para um local aonde ele não poderia estar, como a urina, excrementos, dejetos, unhas". Barrio utiliza materiais baratos e a sua obra raramente é exposta numa galeria de arte. O artista prefere espaços exteriores, pavilhões, museus, onde possa ter liberdade para criar: "Eu crio no momento, é preciso sentir o espaço, ver os materiais de que ele dispõe e só depois meto mãos à obra".

Obra "provocadora" não assusta presidente da EDP

Livro de Carne - Artur Barrio

"A obra de Artur Barrio põe-nos sempre a pensar, desafia-nos, é claramente provocadora". É assim que o presidente do conselho administração da EDP, António Mexia, define a arte de Barrio.
O júri do prémio, do qual também faz parte António Mexia, foi unânime na escolha. Algumas das obras mais conhecidas são um livro de carne e o lançamento de sacos orgânicos e dejetos para o rio Arrudas no Brasil. Intervenções que não assustam Mexia quando Barrio expuser na Fundação EDP em Lisboa em finais de 2019. "Desde que a fundação não seja acusada de poluição, caso o artista decida lançar a obra ao rio, tudo bem. E desde que não pegue fogo a nada aqui", confessa o presidente da EDP entre risos.

O galardão dá 50 mil euros ao artista e promove uma exposição retrospetiva da sua carreira. O Brasil, país de residência do vencedor, representa entre 15 a 18% da quota de mercado da empresa de distribuição elétrica que promove o Grande Prémio Fundação EDP Arte 2016.


Militares da GNR vão poder chegar ao comando da Guarda

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Associação dos Profissionais da Guarda ameaça manifestação contra novo estatuto aprovado em Conselho de Ministros.


Pela primeira vez, os militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) podem chegar ao comando da Guarda através da progressão na carreira. O lugar de topo era até aqui ocupado pelas Forças Armadas. É o resultado do novo estatuto profissional aprovado pelo Governo a 23 de fevereiro.
Segundo a Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, “esta proposta não parte de nenhuma base discriminatória, ou seja, todos os coronéis que venham a ser promovidos no futuro e que preencham as condições especiais de promoção como, por exemplo, quatro anos de permanência no posto, o curso de promoção a oficial-general, mais dois anos de comando podem chegar ao comando da GNR”.

O novo diploma, aprovado em Conselho de Ministros, consagra ainda a criação de um livrete de saúde, a obrigatoriedade de ações de medicina preventiva, a equiparação entre os postos da categoria de guardas e os de praças das Forças Armadas e o 12.º ano de escolaridade como requisito mínimo para ingressar no curso de formação de guardas. O período de férias poderá ainda ser alargado para 25 dias: “À semelhança do que hoje acontece na Polícia de Segurança Pública será consagrada a possibilidade dos militares da GNR terem até três dias de férias suplementares, no âmbito de um sistema de avaliação”, acrescenta a ministra.

Profissionais da Guarda contra novo estatuto

A Associação dos Profissionais da Guarda rejeita o novo estatuto, na medida em que não prevê atualizações salariais, não reduz o tempo de serviço e a idade para a passagem à reserva, nem determina um verdadeiro aumento do período de férias. Critica ainda a posição da tutela que obriga os guardas a pagarem o novo fardamento, ao contrário do compromisso assumido pelos anteriores governos.

Por isso mesmo, a associação considera já a possibilidade de realizar uma manifestação, caso o Executivo de António Costa não reveja estes pontos do novo estatuto profissional. Apesar disso, os Profissionais da Guarda consideram positiva a possibilidade de um militar da GNR chegar ao comando desta força policial por via da progressão na carreira e não apenas por nomeação das Forças Armadas, como definia o anterior estatuto profissional de 2009.

Reportagem sobre a aprovação do novo estatuto da GNR transmitida no Porto Canal.

Livros digitais agora em papel

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"Ponto Zero", de Rita Inzaghi, é um dos primeiros ebooks que o Grupo Porto Editora converte em livro físico.

É a nova estratégia da editora Coolbooks. Até setembro de 2016 publicava apenas livros digitais mas a procura por obras físicas levou esta jovem chancela do Grupo Porto Editora a apostar no papel. "Ponto Zero", da escritora sanjoanense Rita Inzaghi, é um dos primeiros ebooks que esta editora acaba de imprimir, entre os mais de 60 que já lançou em formato digital. "O ebook estava a afastar alguns leitores, que desejavam ter a obra em papel", explica Vítor Gonçalves, diretor editorial da Coolbooks. Por outro lado, muitos autores desejavam esta nova existência: "Sempre quis ter o livro em papel, mas quando me fizeram a proposta de publicar o ebook não hesitei por ser a Porto Editora. Embora sentisse que o digital não iria ter muita aceitação", conclui Rita Inzaghi. Para a jovem escritora, de 30 anos, que se estreou no mundo da ficção com "Ponto Zero", "foi um sonho que se tornou realidade".

"Ponto Zero" em busca do eu

Esta urban fiction de Rita Inzaghi conta a história dos irmãos Luísa e Miguel que acabam de ganhar o terceiro prémio do Euromilhões e decidem gozar um ano de férias em Santiago de Compostela, Espanha. Luísa acaba de concluir a licenciatura em Cinema, Miguel é baixista de uma banda grunge. O caminho de ambos será uma aventura atribulada. Enquanto Miguel segue o objetivo musical, Luísa entra num alheamento que a conduz a uma ambivalência sobre o que fazer ou seguir.
"Luísa quer escrever um romance mas passa o dia sem fazer nada, explorando os prazeres do sexo e do LSD, absorvida em paixões platónicas, como a que desenvolve com uma empregada de uma pizzaria ou com uma rapariga paraplégica que se torna na sua musa", revela Rita. São várias as personagens desorientadas, deprimidas e alienadas que vão fazer "uma peregrinação em busca do eu", como se fizessem o caminho de Santiago de Compostela, ritual que dá título ao livro. "Ponto Zero" é, "geograficamente, o quilómetro zero, uma placa que existe na Praça do Obradoiro e que marca, com uma vieira, o fim da peregrinação a Santiago de Compostela", explica Rita. Mas este lugar simbólico não representa apenas o término do percurso, "é também o começo de um novo caminho", sublinha.

Rita Inzaghi lança “Amor com Amor se Mata”

Rita Inzaghi

Cada uma das personagens tem um pouco da autora. E, decorridos três anos do lançamento da obra, Rita ainda se sente ligada a elas, mas de um modo diferente: "Tal como Luísa, Miguel e outras personagens também cresci, aprendi e sei que hoje teríamos escolhido um final diferente. Faz parte da aprendizagem e do amadurecimento", remata.
"A Rita é uma das nossas apostas, tendo em conta a qualidade literária da sua obra", afirma Vítor Gonçalves. E sublinha: "Esperamos que ela (Rita Inzaghi) continue a escrever para a Coolbooks". A autora sanjoanense aceita o desafio e já começou um novo romance. Mas as novidades não ficam por aqui. Em março, Rita regressa ao registo que lhe é mais querido com uma obra de poesia ilustrada: "Amor com Amor se Mata".

Segredos de Jorge Sampaio em livro

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Jorge Sampaio, antigo Presidente da República - foto Rádio Renascença

Entre as 90 novidades literárias, Grupo Porto Editora destaca ainda obra sobre a Venezuela do pós-Chávez e a presença de Cuba em Angola.

Segredos do antigo Presidente da República Jorge Sampaio vão ser revelados na segunda biografia autorizada, retrato pela mão do jornalista José Pedro Castanheira. É um dos destaques entre as 90 novidades literárias do primeiro semestre do Grupo Porto Editora. “Há dois anos foi publicado o primeiro volume, agora sai finalmente o segundo, que corresponde ao período em que Jorge Sampaio foi Presidente da República (1996-2006)”, afirma Manuel Alberto Valente, diretor editorial do grupo Porto Editora. E acrescenta: “Esta obra também é muito importante do ponto de vista da situação política da época e vai contar pormenores interessantes sobre o que levou Jorge Sampaio a demitir o Governo de Pedro Santana Lopes”. O livro resulta de uma colaboração inédita entre o Grupo Porto Editora e a Nelson Matos edições.

Venezuela pós-Chávez e Cuba em Angola

Pátria ou Morte” de Alberto Barrera Tyszka e “Um Lugar Chamado Angola” de Karla Suárez são outras das novidades destacadas por Manuel Alberto Valente. Livros de autores latino-americanos, nunca antes publicados em Portugal, mostram diferentes olhares sobre a história contemporânea.
Para o diretor editorial, “Pátria ou Morte” “permite um conhecimento muito interessante da situação política e social da Venezuela, no período que se seguiu à morte do Presidente Hugo Chávez”. E sublinha: “Esta obra levanta problemas e contradições de enorme relevância e irá contribuir para um melhor conhecimento do país” com quem Portugal “tem muitos laços, nomeadamente através da emigração”. O livro de Suárez “é a primeira obra sobre a presença cubana em Angola”. Manuel Alberto Valente recorda que “tal como Portugal também Cuba esteve muito ligada à ex-colónia africana, sobretudo durante a Guerra Fria”.

Crise dos refugiados

A vaga migratória dos refugiados do norte de África e do Médio-Oriente para países europeus é outro dos temas abordados pelo grupo editorial que vai lançar “A Hope More Powerful Than The Sea", de Melissa Fleming. Segundo Manuel Alberto Valente, esta porta-voz do Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas “vai chamar a atenção para a situação de milhares de sírios que fugiram do país de origem em busca da paz”.