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Salomé Pinto
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sexta-feira, 24 de março de 2017

Estudantes protestam pelo fim das propinas

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“A educação é um direito, sem ele nada feito”, entoavam mais de meia centena de alunos da Universidade de Lisboa. Na véspera do Dia do Estudante (23/03/2017), percorreram as ruas da capital entre o Saldanha e a Avenida Duque De Ávila, concentrando-se em frente à Direção-geral do Ensino Superior. Um protesto pelo fim das propinas, por mais bolsas, pela redução do preço das refeições das cantinas e por mais condições materiais.

Cursos pesam 5000€ no orçamento familiar

Beatriz Goulart Pinheiro, 22 anos, estudante do Instituto Superior Técnico e uma das manifestantes, conta que “para além de melhores condições materiais, o protesto visa sobretudo acabar com as propinas”. E acrescenta: “Quando a propina foi iniciada estava entre os 6 e 8€ (em 1941) e, neste momento, pagamos cerca de 1000€, ou seja, um curso chega a custar 5000€, o que é um exagero. Muitas famílias não têm capacidade para cobrir estas despesas”. Foi por isso que Beatriz teve de encontrar um trabalho temporário em horário pós-laboral para ajudar os pais a pagar os custos da licenciatura em Engenharia do Ambiente: “Conseguir conciliar as duas coisas é complicado, tira horas ao sono, tira horas ao lazer e basicamente a vida é escola-trabalho, trabalho-escola”.
“Mas muitos são forçados a abandonar os estudos porque não têm como pagar a faculdade”, revela João Nuno, 24 anos, estudante da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Para além do peso das propinas no orçamento familiar, “as refeições das cantinas estão cada vez mais caras”.
Os estudantes reivindicam ainda o regresso do passe social, mais bolsas e sem atrasos na sua atribuição e mais investimento no ensino superior. Jorge Pinto, 29 anos, do Instituto Superior de Agronomia não percebe como “há tanto dinheiro para resgatar bancos e tão pouco para o ensino superior público”. Para este estudante, é injusto “haver dois pesos e duas medidas”.
No início do ano, Bloco de Esquerda e PCP apresentaram dois projetos de resolução no Parlamento com vista à eliminação progressiva das propinas, mas acabaram por ser chumbados pelo PS, PSD e CDS.

Propinas agravaram-se em mais de 4000% com Cavaco Silva

Em 1991, o então Governo de Cavaco Silva decidiu fixar as propinas em 250€, um aumento de 244€ face aos 6€ que estavam em vigor desde 1941, o que representou um agravamento de mais de 4000% no orçamento das famílias. Esta alteração foi plasmada na polémica Lei da Propina que motivou uma série de manifestações estudantis com cargas policiais. De acordo com esta legislação, o valor inicial seria de 250€. Em 2003, subiu para 852€. Desde então, o valor máximo da propina já subiu 25%. Atualmente está acima dos 1000€.




Reportagem transmitida no Porto Canal.

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